quarta-feira, 31 de julho de 2013

WARFIRE: DOSES DE HUMOR E HEAVY METAL EM ALTO NÍVEL


Warfire uma banda que tem o metal e doses cavalares de humor circulando pelas correntes sanguíneas, atende o Over Metal Zine mostrando numa conversa direta e resumida a realidade da banda oriunda de Tatuí-SP. 
Confira nessa entrevista um pouco mais da banda através de Andrews Neander, um dos guitarristas do Warfire ...
... eu pelo menos ri muito com as histórias grotescas dessa banda que tem além de muito bom humor qualidade e um bom trabalho.

Confira!

Formação da banda:

Vocal: Loiz Krieg
Guitarra: Andrews Neander
Guitarra: Gamba Manoel
Baixo: Paul Cappotish
Batera: Cerbo

Filipe Lima (F.L.) - Obrigado por atender o Over Metal. Para aqueles que ainda não conhecem o Warfire faça um breve resumo do histórico da banda!
Andrews: O Gamba, Paul e o Cerbo já tocavam juntos em outra banda aqui da cidade, infelizmente, ou felizmente (risos) acabaram acontecendo alguns problemas que levaram ao término da banda deles, o que levou o Gamba a procurar novos integrantes para montar outra banda, ele tinha contato com o Loiz e acabou fazendo o convite para nós dois, pois precisava de outro guitarrista também... No começo achamos que não “rolaria”, mas foi, foi e acabou “fondo” (risos). Escolhemos esse nome porque na verdade foi o único que ninguém odiou, somos meio diferentes então as decisões sempre são bem complicadas... Democracia é uma bosta (risos).

F.L - Qual a avaliação dos três primeiros anos do Warfire?
Andrews: Achamos muito boa, ainda mais quando se leva em conta o atual cenário underground. Temos um nome relativamente forte na atual cena, gente de todas as regiões do país, inclusive de fora, curtindo nosso som, comprando material da banda, vários contatos, já conseguimos tocar em várias cidades do Estado de São Paulo sendo bem recebidos e elogiados em todas, participamos de vários Festivais em que as escolhas das bandas eram feitas por votação, deixando para trás algumas bandas que tocam há 10, 15 anos, e tocando ao lado de outras com esse mesmo tempo de estrada. Creio que talvez não tenhamos chegado mais longe até agora por conta de orgulho e amor próprio também, isso é uma coisa que valorizamos muito na Warfire, se depender de ficar puxando saco e babando ovo de uns caras que acham que só porque tem um blog, ou só porque escrevem uns artigos fuleiros para uma revista, ou só porque está na cena há mais tempo devem ser idolatrados e tratados com reverência vamos morrer no underground, tem uns caras que se acham o rock star e a forma como algumas pessoas agem faz com que eles continuem pensando assim... 
E outro ponto que está se tornando bem claro é o fato de que atualmente no underground brasileiro pode mais quem paga mais, você vê (ou ouve) umas bandas de qualidade bem questionável conquistando coisas em um ano que os grandes nomes da cena levaram dez para conseguir, não estou aqui para levantar a bandeira do proletariado, e nem para defender os fracos e oprimidos, acho que está certo mesmo, quem pode mais chora menos, se você tem grana para gravar um álbum no melhor estúdio, gravar um clip “profissa” e financiar uma tour na Europa tem que fazer mesmo, na verdade é um prova de que o cara gosta e investe no trabalho dele. O que me incomoda é a galera “engolir” isso, usando isso como parâmetro, “se gravou aqui é boa, se já tocou fora é boa, se o blog do fulano falou bem é boa”...


F.L - O som da banda não é datado, mas tem fortes influências e características do Metal oitentista, isso ocorreu de forma natural pela união das características dos integrantes ou foi uma escolha e proposta de trabalho definido pela banda?
Andrews: Foi e é natural cara, é aquela, já não temos muito talento, se ficarmos colocando muitas regras, limites, predefinições a coisa não rola mesmo. A única regra é que a música agradar a todos da banda (ou pelo menos não desagradar ninguém), o som tem que agradar a nós em primeiro lugar, o público gostar é conseqüência, mesmo porque como é que você vai tocar algo que não gosta com convicção? Todas as músicas (não letras) apresentadas até o momento são de autoria minha (Andrews) ou do Gamba
(pelo menos a idéia inicial, depois sempre é feitas algumas mudanças, arranjos e tal), é para nós da banda pelo menos fica bem latente a diferença de estilos entre eu e ele, não sei se é tão claro para o público. Mas mesmo nas que são do mesmo autor você consegue perceber diferente tendência, umas puxam mais para um Thrash, outras mais para um Heavy Tradicional, outras para um Heavy Metal um pouco mais moderno e talz, acho que o importante é que pelo menos em nossa opinião no final tudo soa Warfire.

F.L - Fale do aprendizado e experiência de gravar o EP “Its Time To War” do Warfire no Mr. Som com Marcello Pompeu e Heros Trench - Korzus?
Andrews: Como o Loiz já disse e eu sempre reitero, “os caras tem de carreira o que temos de idade”. Há certas coisas, macetes, “manhas”, que só vem com o tempo. A nossa idéia de gravar lá foi além de termos um material de alta qualidade para entrarmos na cena em grande estilo era fazer da gravação um “teste de fogo”, precisávamos da opinião de quem entende do assunto, de quem “viveu” o assunto. Mas foi pelo menos para mim uma das melhores experiências da minha vida, os caras são super gente boa, e o melhor não ficam passando a mão na cabeça, se está bom está bom, se não está bom fala que está uma merda e manda fazer de novo, aquela pressão de não poder errar, aquele momento do “gravando” e você sabe que está todo mundo prestando atenção em você é bacana, é essa hora que separamos os meninos dos homens (risos). Mas no geral foi ótimo, e receber elogio de uns caras que ajudaram a construir a cena nacional não tem preço...

F.L - Andrews você afirmou recentemente que o EP deu um "feedback positivo e ajudou na evolução da banda".  O que seria essa evolução?
Andrews: O ponto principal foi experiência, o que acaba englobando todas essas coisas que você citou. Música é arte e o seu estado de estado de espírito, sua personalidade acaba de certa forma sendo passada com o som, e nós estávamos muito “verdes” na gravação do EP, sabíamos o resultado que queríamos, mas não sabíamos como alcançá-lo, era a primeira vez de todos nós em um estúdio profissional, e mesmo os caras nos deixando bem a vontade rolava um nervosismo, uma ansiedade... Hoje já temos um pouco mais das “manhas”, já manjamos mais das putaria... (Risos)

F.L - A banda já citou que compõe constantemente e teria material engavetado para a gravação até de dois álbuns. O que está definido em relação a datas para gravação e lançamento do debut álbum?
Andrews:
Estamos meio que em uma pré-produção e a idéia seria iniciar as gravações agora em Outubro, temos que ver com cuidado essas datas porque o Heros e o Pompeu também estão iniciando a gravação do novo álbum do Korzus, então estamos conversando para ver a melhor forma de fazer isso, mas a idéia é iniciar agora em Outubro...

F.L - A parceria com Marcello Pompeu e Heros Trench - no Mr. Som se mantém para a gravação do full-length?
Andrews: Sim, salvo algum acontecimento ou mudança significativa gravaremos no Mr. Som...

F.L - Já existe um título escolhido para o álbum?
Andrews:
Existem vários só falta escolhermos um... (Risos)

Como é esse processo de composição das músicas (responsáveis pela letra, pela parte instrumental e fechamento de uma música)?

Andrews: A parte instrumental é feita por mim ou pelo Gamba, fazemos uma gravação da idéia da música, com guitarra, base, batera e linha vocal e a partir disso vamos “lapidando” essa idéia. As músicas que eu componho na maioria das vezes o Loiz é quem acaba fazendo as letras, algumas vezes ele faz uma letra, ou tem uma idéia de tema e baseado nisso eu faço a música (como no caso da B.T.K.), as do Gamba quase sempre ele faz a música com a letra...
 
F.L - Cogitou-se a possibilidade de distribuição do trabalho do Warfire fora do Brasil (América do Norte e Ásia), como está isso atualmente?
Andrews:
Então, até houve uma boa “distribuição”, mas de forma virtual. Em se tratando de formato físico é complicado, saímos em umas coletâneas na Europa e talz, só que nem sempre essas distribuições são efetivas... Com a internet e a dinamização da informação certas coisas se tornaram complicadas, hoje uma pessoa que acessa a internet é “bombardeada” com informações incessantemente, no âmbito Rock/Heavy Metal há uma enxurrada de bandas novas, de bandas antigas lançando material novo, de membros de bandas antigas com projetos novos e uma porrada de material, isso faz com que você conheça muita coisa, mas absorva muito pouco disso... Por exemplo, se tinha acesso a menos material, mas por outro lado você absorvia muito mais o conteúdo daquele material, você ouvia várias vezes e realmente absorvia aquilo, hoje não dá tempo, você põe um CD de uma banda nova, conhece e já parte para outra, não dá para ficar escutando várias vezes até assimilar a idéia. Antes você tinha acesso apenas a bandas da sua cidade, estado, país e algumas daquelas que conseguiam vencer essas barreiras e ficarem conhecidas mundialmente, então você conseguia se focar mais, hoje você tem acesso ao material recém-lançado de uma banda underground russa, então a quantidade de material é enorme, além do que as redes sociais permitiram a interação do público com gostos similares, você acaba tendo 500, 1000 contatos que sempre te mandam ou acabam te mostrando um som novo de alguma banda, além de grupos, comunidades e a porra toda...

F.L – Em breves palavras o que representa:
> Judas Priest: Eterno tema de indiretas e provocações na Warfire, Eu e o Loiz preferimos o Ripper (sim, achamos ele melhor que o Halford) e o Gamba (e 99% dos fãs de Priest) preferem a “biba”... (Risos)
> Rainbow: Supostamente a banda favorite do Loiz, reúne pelo menos três dos caras que na opinião dele são os melhores em suas funções Dio, Blackmore e Cozy Powell...
> Motorhead: Essa é unanimidade, todos nós gostamos...
> Metal Church: O poder né? Todos curtimos muito, aquele ao vivo lançado em 98 com aquele show de 86 (se não me engano) é simplesmente matador...
> Annihilator: Eu curto pra caralho, acho melhor que 90% dessas bandas bay area que fizeram sucesso, pelo menos mais sucessos que eles. O Loiz e o Paul curtem bastante também...
> Pantera: Minha banda preferida é a que eu mais ouvi na vida e a que sempre que eu ouço de novo me parece melhor do que eu lembrava...
> Mercyful Fate: O amor da vida do Gamba, ou melhor, a amante, o amor da vida dele é o Kiss...

F.L - Numa entrevista Loiz Krieg falou sobre pessoas que são verdadeiros picaretas que se valem do amor do Headbanger pela música pesada, pra se auto promover. Qual sua avaliação sobre organização dos shows de Metal no Brasil. Como músico o que deve ser melhorado na estrutura dos eventos?
Andrews: Primeiro tinha que ter uma estrutura né? (Risos). É complicado, ninguém vai porque a estrutura é ruim, a estrutura é ruim porque ninguém vai e assim vai indo... Os caras dizem que o produtor tem que respeitar e pagar um cachê digno para as bandas, mas não paga R$40,00 para assistir 10 bandas, não estou querendo bancar o advogado do diabo aqui, mas se o cara não for mágico, complica um pouco... As bandas não se ajudam ás vezes até se ajudam, mas ao invés de ajudar uma banda menor, ajuda uma maior na tentativa de conseguir um retribuição futuramente, é foda... O problema não é a cena, o lugar, o estilo, o problema são as pessoas...

F.L - Na região sul do estado do Rio de Janeiro algumas bandas que são ativas na cena underground se uniram para organizar seus próprios shows buscando melhores dias e estrutura para o público e banda.  Qual a opinião sobre ações como essa dentro da cena underground brasileira?
Andrews: É legal pra caramba, se você mora em um lugar onde há um tipo de gente que tenha essa consciência, gente de caráter e determinada dá pra fazer uns lances muito bons, infelizmente não é em todo lugar que esse tipo de coisa funciona...

F.L - Qual a avaliação da banda em relação a o underground brasileiro?
Andrews: Uma merda, pelo menos nossa realidade é essa, não que todos os shows sejam horríveis, mas mesmo os melhores estão muito aquém do que poderia ser considerado o ideal, pelo menos na nossa concepção. O rock/metal sempre foi uma coisa que lutou contra o “sistema” ou pelo menos essa era a idéia, e ultimamente parece que ele está fazendo parte do sistema. Há muita demagogia, “puxa-saquismo” e hipocrisia envolvida, uns caras babacas, safados em posições influentes. A música parece ter ficado em segundo plano, e coisas como contatos, filiação, “sensualidade” contam mais hoje em dia. Melhor parar por aqui porque se não teríamos que começar “dar nome aos bois”, não sou do tipo que fica mandando indireta, mas como diz o ditado: Pra bom entendedor meia palavra basta...

F.L - Breve Opinião sobre:
>TV Brasileira e sua programação:
Andrews: É um lixo né? Eu assisto muito pouco TV, mas está impossível assistir TV aberta, o que não é lixo, é manipulação. Na TV paga ainda há algumas coisas interessantes, documentários, alguns filmes e talz... Mas na TV aberta sem condições...
>Música e cultura brasileira:
Andrews: Bom, primeiro de tudo precisamos ver o que é essa cultura, porque cultura brasileira mesmo em minha opinião é a cultura e música indígena, o resto são adaptações de culturas remanescentes de imigrantes. Mas partindo do pressuposto que a cultura brasileira é a bossa-nova, samba, frevo, baião entre outras características regionais é uma coisa a ser respeitada, devido à grandeza do nosso país possuímos uma variedade enorme de costumes e uma cultura muito rica. Mas agora se encararmos Funk como cultura, como vem sendo feito fica complicado. No Brasil se tem o costume de deturpar tudo, mesmo as coisas absorvidas de outras culturas sempre se dá um jeito de colocar uns peitos e umas bundas de fora, a malandragem brasileira e talz... Pelo tipo de gente que fica famosa você consegue avaliar o povo...
>Manifestações nas ruas do Brasil:
Andrews:
Grande parte das pessoas nem sabem pelo que estão manifestando, outra parte acabam sendo grupos organizados com interesses próprios, outros só vão pela bagunça. Um dia o cara está comprando ingresso para Copa e no outro está dizendo que é contra, o cara não lê nem bula de remédio e do dia para noite quer bancar o politizado, pinta um cartaz “Não a PEC 37” e vai para rua... Há muitos motivos para se manifestar, mas não é algo que deva ser feito de forma leviana...
>Reforma Política:
Andrews:
Em minha opinião o problema do Brasil não é político é cultural, não adianta fazer reforma política se o povo continuar ignorante, fútil e sem-vergonha. Como eu disse anteriormente, nós desenvolvemos essa cultura da malandragem, da vagabundagem, da esperteza, e enquanto bancarmos os malandros todos nós seremos trouxas...

F.L - 3 anos de banda já renderam muitas histórias engraçadas, conte algum fato hilário e talvez grotesco que tenham rolado durante shows e viagens!
Andrews: Ah cara, tudo meio que acaba virando em palhaçada, não tem como ficar sério perto do Paulinho (Paul Cappotish), você já deve ter assistido o vídeo da Cyndi Lauper, se ainda não assistiu assista, o Paulinho é daquele jeito o tempo todo, quando toma umas então (o que acontece com bastante freqüência nos shows) é só risada... 
Mas o mais engraçado mesmo é quando ele fica nervoso, ele é meio ranzinza ás vezes, então quando ele está azedo nós damos muita risada. Uma vez estávamos no ensaio e o Cerbo cismou de chutar uma bolinha que tinha aqui em casa, que era do cachorro brincar, e o Paulinho já estava meio irritado e já tinha falado para ele parar porque ia acabar acertando ele, não deu outra, no próximo chute que o Cerbo deu a bolinha acertou no beiço do rapaz, esse rapaz ficou bravo, achei que ele ia socar o Cerbo, foda é que ele estava bravo falando um monte e eu e o Gamba não conseguíamos parar de rir sabe? Mas rir pra caralho mesmo, de sentar no chão e faltar ar... Outra vez estávamos indo tocar em Piedade e um dos carros deu problema, e o Paulinho é cheio de querer saber, cheio de “deixa que eu resolvo”, abriram o capô e ele foi lá cheio de razão resolver, ele com a cara enfiada debaixo do capô e vai o filho da puta do Cerbo e buzina, pensa no susto que o Paulinho levou, legal é a cara que o Cerbo faz nessas horas, aquela cara de moleque que sabe que aprontou manja? É foda...

F.L - Próximas agendas e compromissos da banda?
Andrews: Com o lance da gravação se aproximando e o processo de pré-produção está um pouco complicado o lance das datas, tínhamos uns shows marcados, mas que acabaram sendo cancelada, aquela tragédia de Santa Maria fodeu vários shows nossos, várias casas fecharam, tiveram que se regularizar e talz... O foco agora é o álbum mesmo, tentar se preparar e executar da melhor maneira possível a gravação...

F.L - Considerações Finais:
Andrews: Queríamos agradecer ao Over Metal Zine e ao Filipe Lima pelo apoio, não só pela entrevista, mas pelo apoio na divulgação e tudo mais, agradecemos pela Warfire e por toda a cena underground que acabam encontrando em projetos como o de vocês canais de divulgações sérios e imparciais. Agradecemos a todos pelo interesse no álbum e pedimos a todos que tenham paciência, porque o processo é lento, e se demoramos é porque queremos disponibilizar algo com a melhor qualidade possível. E pedir para quem ainda não conhece procurar conhecer nosso som e se gostar que nos procurem, adicionem nas redes sociais e mantenham contato.

Contatos para shows:

warfire_oficial@hotmail.com


 Obrigado Andrews e Warfire pela entrevista, até a próxima. Filipe Lima - Over Metal

SAKRAH: CONSTRUINDO UMA BELA HISTÓRIA NO METAL NACIONAL

A banda Sakrah, prestes a passar pela Região Sul do Estado do Rio de Janeiro concedeu uma entrevista ao Over Metal Zine.

Confira na íntegra a entrevista com Leandro Novo, vocalista da banda.

Filipe Lima (F.L.) - Formado em 2009 qual a avaliação que fazem dos primeiros 4 anos de trabalho da banda?
Leandro - Acho que a banda começou com uma identidade bem definida. As músicas saíam com a cara da Sakrah e desde o início já sabíamos como ficaria a “cara” da banda. Houve algumas mudanças na formação que serviram só para reforçar essa identidade.
Agora na questão de público me surpreendeu muito. Fomos ganhando muitos fãs e de um jeito muito rápido. Quando eu estava em outra banda não via isso. Acho que isso impulsionou as coisas.

F.L. - Qual o aprendizado obtido até aqui?
Leandro - Se valorizar, principalmente. Foram muitos buracos até aqui, já tomamos muitos tombos pelo caminho. Isso tudo por um lado é ótimo, serve para ensinar e amadurecer. Chega uma hora que você deve dizer “não” para certos convites e oportunidades de show, por mais que isso doa.

F.L. - Grandes influências para o Sakrah:
Leandro - São as grandes influências da banda, sem dúvida Pantera, Black Label Society e Sepultura; do Sepultura até temos um tributo, o cover de “Slave New World”, que tocamos praticamente em todos os shows da Sakrah.

F.L. - A gratificação de toda banda é ver seu trabalho sendo aceito pelo público, o que o Sakrah viu de positivo e que deu certo no EP Collider e o que foi identificado como um ponto a evoluir nos próximos trabalhos?
Leandro - O EP foi muito elogiado. Foram aí 5 músicas que abriram muitas portas pra gente e serviu de cartão de visita da banda. Sobre evoluir, acredito que todo trabalho deva evoluir e com a Sakrah não é diferente.

F.L. - Vocês demonstram paixão como se fossem fãs da própria banda. O que é prazeroso, motivante e satisfatório quando veem o trabalho do Sakrah?
Leandro - Ser fã da própria banda é essencial. Tem que curtir aquilo, ter prazer com isso, para fazer um trabalho bem feito. Mas a principal satisfação é ver sua música chegando ao público e saber que você fez aquilo com toda essa paixão. É o combustível de toda banda acho.

F.L. - O que o Sakrah tenta eliminar ou evitar visando profissionalismo e qualidade?
Leandro - Uma coisa que sempre vejo quando escuto uma música nova é que evitamos agradar aos outros. Pode soar péssimo, mas a verdade é que se um artista faz algo visando agradar alguém, deixa de ser arte e não é mais genuíno. O lance não é fazer um som “porrada” por fazer, ou deixar mais leve para vender mais...a coisa tá em ser sincero e se expressar.

F.L. - O que a banda busca transmitir ao público?
Leandro - Falando sobre nossos primeiros trabalhos (o EP e o álbum), são várias ideias, em músicas diferentes e fica complicado sintetizar tudo. Mas se formos pegar tudo e simplificar, eu diria que a banda fala sobre nós mesmos, experiências, pensamentos...passamos de uma briga de bar para conflitos religiosos; uma delas, “Whiskey Devil”, fala sobre estar alcoolizado, acabar quebrando uma garrafa e se cortando com isso (sim, aconteceu mesmo).

F.L. - Construção das músicas como isso é trabalhado nos bastidores da gravação de um novo trabalho, fale desse processo?
Leandro - Normalmente a base instrumental é feita e levada ao estúdio, onde tudo começa a ser lapidado. A gente vai tocando e experimentando, jogando ideias. É tudo muito livre e sem pressão, sem prazo. Eu sinto que é algo natural demais pra gente.

F.L. - A banda lançou o vídeo clipe da música "Adrifted" com muita qualidade  apresentando muito bem o que é o Sakrah.  Fale um pouco do processo de gravação do mesmo e motivo da escolha dessa música para ser o primeiro vídeo clipe oficial da banda?
Leandro - No começo queríamos gravar o clipe de “Reflection” ou “Fight Bar”, que até então tinham sido as que tiveram maior repercussão com o EP. Logo quando acabamos o álbum e ouvimos cada faixa, “Adrifted” acabou nos convencendo e conversamos sobre isso um tempo e enfim, acabou sendo ela. Se acertamos? Não sei, mas pareceu a mais adequada, tanto em questão de sonoridade quanto de execução, personagens, etc.
Por se tratar de vários aspectos de nossa personalidade, conflitos e dúvidas, tínhamos ali um potencial gigante para usar em vídeo e mostrar cada uma dessas situações.
A gravação durou dois dias, o primeiro só com a banda e no outro com os atores. É trabalhoso, envolve paciência e disposição (física principalmente), mas no final é gratificante. Você sente que faria aquilo pelo resto da vida.

F.L. - Como está a distribuição e divulgação do trabalho do Sakrah fora do Brasil?
Leandro - O Sakrah já participou de alguns programas de rádio na Europa, lembro de um da Alemanha e outro na Suécia que divulgaram bastante nosso som. Tivemos também essa divulgação na América do Sul e EUA. Quanto a distribuição, estamos fechando algumas parcerias, mas ainda nada foi confirmado.

F.L. - Há muito tempo é normal casos onde bandas pagam pra tocar em eventos, em outros casos tocarem de graça tendo como retorno/pagamento o argumento que tiveram a oportunidade de divulgar o trabalho e ser conhecido.  Não seria isso o ápice da desvalorização dos músicos e bandas (principalmente autorais) em nosso país?
Leandro - Sem dúvida. No início, você sai com sua banda para tocar e mostrar seu som para o público já tendo em mente que essa oportunidade é seu “pagamento”. Cara, por mais que você queira sair da garagem e subir num palco, não faça isso consigo mesmo. Isso tem que parar. Pra inverter essa desvalorização dos músicos de metal, se dê valor, simples.

F.L. - Eventos com banda cover lotam, banda autoral público rasoável, existem culpados por isso ser frequente na cena brasileira em sua opinião?
Leandro - Eu não sei...acho que tudo é uma questão de divulgação, que acarreta em público, fãs, etc. A banda autoral que está começando tem como público amigos, familiares e o cara que estava lá no dia. Acho que é um processo longo e árduo aqui no Brasil, a banda sair do underground, ganhar seu público. Se numa mesma rua tivéssemos de um lado um bar apresentando cover de Sepultura, e no outro lado uma banda autoral nova, que ainda não tem público ou fãs, já prevemos o que vai acontecer.
No final, o que posso dizer é que não tem um culpado. Acho que é um processo natural, que talvez aconteça com mais frequência aqui, não sei. Já ouvi muita gente dizendo que lá fora o tratamento é outro, com as pessoas pagando uma entrada pra conferir uma banda de que nunca ouviu na vida.

F.L. - Qual sua avaliação sobre a estrutura dos Shows de Metal Nacional em nosso imenso Brasil.  E o que precisa ser urgentemente corrigido para a engrenagem funcionar melhor?
Leandro - Infelizmente as vezes tenho a impressão de que estamos fazendo o som certo, porém no país errado. O Brasil tem um enorme potencial e um público muito fiel sim, mas as condições de como o metal nacional é apresentado perante a mídia ainda tem muito a ser melhorado. A organização de eventos é difícil no meio independente e underground, o que faz muita banda boa por aí, que começa no underground, ter que batalhar muito para conseguir um espaço...e na maioria das vezes isso desgasta ao ponto do músico desanimar e decidir parar com isso.
Claro que digo tudo isso do ponto de vista da banda, mas com certeza há o lado do organizador de evento também. Não deve ser fácil.
Sinceramente, eu não sei dizer o que deve ser corrigido e nem por onde começar. Nunca organizei um evento de metal ou analisei estatísticas sobre isso, então fica difícil apontar uma solução sem parecer pretencioso demais, entende? Tudo o que digo é baseado nas coisas que eu vejo e participei como banda. Talvez uma união concisa entre as bandas nacionais, se apoiando e fortalecendo a cena, possa mudar isso aos poucos. Eu espero isso, pelo menos.

F.L. - No Sul do Estado do Rio algumas bandas ativas e influentes na cena decidiram dar uma basta, dando origem ao "Metal Bastards Union" e com isso bandas passaram a organizar seus próprios eventos por discordarem da atitude exploradora de alguns produtores. Nesta parceria a união é baseada nas bandas e no público. Como vocês avaliam esta ação e a relevância da mesma para o underground?
Leandro - É como dissemos anteriormente, sobre o ápice da desvalorização das bandas que tocam em um evento sem ganhar um centavo por isso. Se tratando do underground, que é um meio sofrido em relação a estruturação e público, essa iniciativa é uma forma de dar um basta.
No caso do Metal Bastards Union, está sendo bastante relevante para a região e o impacto está sendo positivo, sem dúvida. Não sei como uma iniciativa parecida funcionaria em outras cidades, mas acho que ela deve ser feita com competência e por pessoas sérias. Não adianta começar algo assim se o resultado for mais desastroso ainda, seria um tiro no pé e pegaria mal. Mas especificamente o MBU tem tudo para dar certo sim.


































Confira mais sobre as bandas que estarão no MBU: Dfront-SA, Monstractor, Metalthorn, Stodgy

F.L. - Em breves palavras:
> Manifestações nas Ruas ocorridos no mês de Junho/2013: Foda.
> Possível Reforma Política: Necessário.
> Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil: Nunca gostei disso, mas é desnecessário dizer que é um dinheiro exorbitante investido de forma errada.

F.L. - Relate momentos extremamente marcantes e importantes para o Sakrah até aqui.
Leandro - Por enquanto tem sido o lançamento do nosso primeiro álbum e, claro, a estréia do clipe “Adrifted”. Tivemos mais de 10.000 visualizações em menos de 1 mês e isso só nos mostrou que estamos no caminho certo.

F.L. - Há definições de tour pela Europa ou de shows pra fora do Brasil nos próximos meses?
Leandro - É cedo dizer, mas há algo sendo negociado nesse sentido sim. Estamos aguardando algumas confirmações por enquanto.

F.L. - Demais agendas, compromissos, planos e projetos futuros?
Leandro - Estaremos dia 10 em Resende-RJ, participando do MBU. Existem outras datas e projetos em vista, mas nada confirmado ainda. Esperamos de verdade também poder fazer um tour com bandas parceiras que acabamos trombando ao longo desses anos, como o caso do Monstractor..

F.L. - Considerações Finais:
Leandro - A Sakrah agradece ao Over Metal pela oportunidade, aos leitores e aos fãs! Aguardamos todos vocês dia 10 no MBU, vai ser uma grande festa, com certeza!
Shows, eventos, merchan, etc: contato@sakrah.com.br. 
Site: http://www.sakrah.com.br



Obrigado Sakrah e Leandro pela entrevista, expectativa total pela apresentação do dia 10 em Resende.
Até lá.
Filipe Lima - Over Metal




DARK TOWER: NOVIDADES E RETORNO AOS PALCOS PREVISTAS PARA O 2° SEMESTRE DE 2013


Mais uma banda do Rio de Janeiro prestigia o Over Metal.  A banda Dark Tower que executa um Black/Death com elementos de Heavy Metal nos atendeu através de Flávio Gonçalves e Rodolfo Ferreira, que concederam uma entrevista bem densa, mas com respostas claras, mostrando opinião, o atual momento e próximos passos do Dark Tower.

Confira mais uma excelente entrevista.

Filipe Lima (F.L.) - Primeiramente obrigado por atenderem o Over Metal Zine.
Rodolfo Ferreira (RF):
Nós é que agradecemos o espaço cedido por vocês do Over Metal.

F.L - Faça um resumo histórico do Dark Tower para o Público.
Rodolfo Ferreira (RF): A banda começou de fato em 2008, quando consolidamos a formação que durou até este ano. A banda foi criada por mim, quando eu me desliguei do Belial War, banda de Black Metal que fez muitos shows no circuito underground do Rio e cidades vizinhas, e poucas semanas depois o Flávio também saiu, e como já trabalhávamos juntos por anos e sempre fomos amigos, foi uma escolha natural. A origem do nome vem da minha vontade de fazer um som épico e ao mesmo tempo obscuro, e o Flávio sugeriu esse nome que combinava com a proposta que eu tinha em mente.

Flávio Gonçalves (FG): Logo após a criação do nome, percebemos que poderíamos desenvolver um conceito baseado no mesmo, então, o Dark Tower fala além de outros temas, sobre um conto que ainda estamos escrevendo sobre a Anne, personagem principal e a Torre Negra em si. Planejamos em um futuro próximo lançar um álbum conceitual, apenas sobre esse conto, mas já existem músicas em nosso debut, mais precisamente as faixas “Dawn of Darkened Times”, “Murder of Anne” e “Rise of the Dark Tower” que falam de Anne e da trama, como um epilogo, e por isso que o título fala de um começo, a Ascensão do Caos.

F.L - A banda que executa um Black/Death tem também influências de Heavy Metal tradicional, perceptível ao ouvir o trabalho do Dark Tower.  Seria esse o diferencial que a banda busca agregar ao som?
RF: Acreditamos que seja sim um diferencial e percebemos que as pessoas notam isso em nossa proposta, algo que nos deixa extremamente satisfeitos. Porém esta peculiaridade não é intencional. O nosso som é assim simplesmente porque é assim que sabemos e gostamos de compor. Todos envolvidos na banda possuem gostos muito variados que vão do Black Metal do inicio dos anos 90, passando pelo Death Metal e o Heavy Metal tradicional, Power e gêneros similares. Desta forma, quando unimos riffs mais extremos a passagens mais melódicas é algo que é criado de forma natural, pois é o que realmente gostamos.

F.L - No Single "Retaliation" as letras eram longas e densas, qual a fonte de inspiração e como são compostas as músicas?
FG:
Como falamos, o Dark Tower fala de diversos temas, mas obviamente, temos um caminho e uma gama de temas que gostamos de abordar. Conhecimento, sabedoria, mitologias, obscuridade, caos etc., são tópicos que fazem parte da nossa forma de expressão.  No caso das duas músicas que foram registradas nesse single, falamos exatamente sobre tais temas. A Retaliation é um manifesto, uma declaração de ódio e repulsa a qualquer que sejam os opositores não apenas da banda em si, mas como do nosso meio, nosso estilo de vida.

Já a Blood Down the River fala sobre algo que realmente deve ter passado na mente de muitos homens, ou seja, é o momento em que um homem percebe que tudo pelo qual ele lutou em sua vida acaba por se revelar como uma grande mentira e um jogo de manipulação na mão de quem possui o poder, e neste caso, estamos falando sobre a religião, uns dos maiores males da humanidade, e situando as letras de forma histórica, fizemos menção às Cruzadas.

Sobre o processo de composição, o Rodolfo traz a grande maioria das idéias, tanto de músicas e riffs, e trabalhamos o resultado final juntos, com os integrantes dando opiniões, sugestões etc. Também tiveram casos que outros integrantes trouxeram as musicas, mas trabalhamos o arranjo em grupo.

Após fecharmos o trabalho musical, pensamos em temas que se encaixam no contexto das músicas, e tanto eu como o Rodolfo temos idéias para as letras e trabalhamos esta parte juntos, unindo à parte lírica as musicas, criando as linhas vocais para cada tema. De forma resumida, essa é a forma como o Dark Tower compõe o seu trabalho.

F.L - A banda teve duas baixas num momento crucial, prestes a lançar o Debut Álbum, como estão lidando com isso, já há substitutos definidos?
RF: Realmente tivemos essas baixas, a saída dos irmãos Rômulo e Murilo Pirozzi, guitarrista e baixista respectivamente, e não foi na melhor hora, pois estamos com o CD prestes a ser lançado. Logo, deveríamos estar trabalhando firme nos ensaios e preparando a banda para começar a divulgação, porém tivemos que parar e recomeçar do zero, recrutando novos integrantes, fato que congelou a banda nos últimos meses. Isso também causou mais um atraso no lançamento do CD, mas era algo inevitável.

A saída foi realmente amigável, conversada e acordada por ambas as partes. Precisamos nos focar nos projetos futuros tanto a curto como longo prazo.
Ter uma banda, além de criatividade e vontade de tocar, exige dedicação e investimento financeiro. E os planos pessoais deles não poderiam comportar os objetivos traçados, portanto nós todos concluímos que para a banda seguir em frente, mudanças seriam necessárias.

FG: Nós já temos os novos integrantes, já efetivamos dois guitarristas nos últimos meses e o último nome que decidimos, foi para o cargo de baixista. Então todos os postos já estão devidamente ocupados e iremos fazer um pronunciamento oficial sobre a nova formação muito em breve, bem como estamos ensaiando para finalmente voltar aos palcos e começar os shows de divulgação do nosso primeiro CD.    

F.L - O álbum cheio "...Of Chaos and Ascension" já teve previsão para sair no final de 2012, mas acabou não acontecendo.  Qual a nova data prevista para lançamento?
FG: Na verdade, os planos iniciais eram de lançar o nosso debut em 2010. Porém, tivemos inúmeros problemas que causaram esse atraso gigantesco, tanto de cunho pessoal, como com questões da própria banda, como mudança de integrantes, visto que, em determinada época, contamos com um segundo guitarrista por alguns meses. Regravações, entre muitas outras coisas. Enfim, uma gama de adversidades impediu que a gente trouxesse esse primeiro trabalho à tona no ano que realmente queríamos.
Como falamos anteriormente, ter uma banda requer muito esforço e sacrifício, tanto de energia como financeiro, algo que não é segredo para ninguém envolvido nesse meio, mas acreditamos que agora, com esta nova fase se iniciando, a banda vai voltar a produzir de forma contínua.

RF: Estamos revitalizados e empolgados com essa nova fase. Pessoalmente, posso dizer que estou inspirado e ansioso para lançar outros trabalhos o mais rápido que pudermos, e já tenho novas músicas prontas, prestes a serem mostradas para os novos integrantes para trabalharmos as suas versões finais juntos, como também tenho vários riffs e idéias gravadas.

Trabalharemos com todo o gás e empenho para manter a chama do Dark Tower acesa!

F.L - Na cena carioca o Metal Extremo viveu altos e baixos ao longo dos anos. Como vocês avaliam o atual momento?
RF: Acreditamos que já tivemos dias piores, há alguns anos atrás. É um fato que o metal extremo é o estilo mais forte e prolífero no Brasil, algo conhecido não apenas em nosso país como no mundo inteiro, e acho que mesmo com as adversidades vivenciadas por aqui, temos excelentes representantes e alguns poucos produtores que se prezam a fazer eventos de qualidade, tratando as bandas com profissionalismo.

FG: Não é o melhor dos cenários para se trabalhar. Seguir o caminho da música pesada (Metal em geral, ou seja, falo de todas as suas ramificações), é algo que te põe frente a frente com muita dificuldade e falta de apoio, se comparado a outros tipos de música. Mas esse é o caminho que nós e muitos outros escolhemos, e não existe outro no qual consigo me enxergar trabalhando. Essa é a nossa realidade, e nossa luta.

F.L - Um dos debates que volta e meia acontecem no Underground brasileiro é a respeito da valorização de bandas covers e desvalorização das bandas autorais. 
Eventos com banda cover lotam, bandas autorais público razoáveis.  Existe um culpado ou responsável por isso?  Seriam parte dos produtores que, talvez, visem só o lucro? Seria desinteresse do público brasileiro por trabalhos nacionais independentes dando mais valor as bandas covers ou então seria por falta de qualidade de algumas bandas que na visão do público não apresentam um trabalho de alto nível que desperte interesse dos headbangers?
FG: É um círculo vicioso, onde todos possuem determinadas parcelas de culpa. Porém, acho que o maior vilão dessa equação é a preguiça e estagnação do público, que faz com que os produtores dêem mais valor a pessoas que tocam o sucesso de outras bandas a querer conhecer novos trabalhos. Isso gera esse ciclo que só lança por terra o esforço de quem se preocupa em compor, ensaiar e lutar pela sua Música, por algo original.

Agora, condeno veemente quem ousa falar que bandas não apresentam um trabalho de qualidade. É obvio que tudo fica mais fácil quando você vive em uma realidade onde você pode estudar seu instrumento e compor seu trabalho com mais facilidade e não precisa se preocupar em trabalhar, acordar cedo, se sustentar e/ou sustentar uma família, que é o caso de alguns países que valorizam a cultura musical. Com este panorama, países com melhor qualidade de vida tendem a gerar mais bandas com boa estrutura.

RF: Não é o caso do Brasil, infelizmente.
Mesmo assim, com todas as adversidades que passamos por aqui, falar que o Brasil não possui bandas de extrema qualidade é um insulto.


F.L - O contexto atual da música pesada e extrema no Brasil mostra um cenário onde é comum em alguns eventos bandas tocarem de graça tendo como argumento da produção que o pagamento da banda é a oportunidade de estar apresentando o trabalho para o público. Qual a opinião de vocês sobre esse nível que chegamos aqui no Brasil da desvalorização dos músicos e bandas?
FG: Isso é ridículo, não só para o meio musical Underground, como para qualquer área onde essa pratica é usada, e não são poucas. Não tenho mais nada a declarar a respeito disso.

RF: O médico, o advogado, o motorista de ônibus e o atendente da lanchonete (para ser bem abrangente) aceitam trabalhar de graça para divulgar seu trabalho?
Pois é, eles têm os custos para trabalhar e suas contas a pagar. Assim também é o músico.

F.L - Na região Sul do Estado do Rio algumas bandas ativas no cenário underground se uniram pra fazer seus próprios eventos por discordarem da atitude de alguns produtores. Com isso desenvolveram uma parceria que envolve bandas e o público. Qual avaliação de iniciativas como essa?
RF: Não só achamos iniciativas extremamente válidas como apoiamos 100%. Se já é difícil administrar sua banda, aliar isto à produção de shows é uma tarefa para poucos, e aqueles que assumem a empreitada merecem respeito e apoio, pois é algo importante para manter um grau de qualidade, visto que as bandas são as principais interessadas em se apresentar em um bom evento.

FG: Todos saem ganhando com isso, pois há uma honestidade maior na proposta. Infelizmente, algumas vezes isto deixa de acontecer quando existe um produtor fazendo o intermédio. Somos banda, porém muitas vezes nos colocamos na função de público. Logo, sabemos os nossos verdadeiros anseios.
Congratulações àqueles que realizam esta façanha. Que continuem buscando o melhor para suas bandas e, principalmente para o Headbanger espectador, que é parte primordial neste processo.

F.L - A banda já teve a oportunidade de tocar por vários estados no Brasil e com bandas de renome do cenário nacional e internacional como Marduk, Hate, Otargos, Unearthly, Hicsos entre outros, o que isso proporcionou de experiência e aprendizado para a banda?
FG: Acreditamos que experiência em palco com certeza é um fator muito importante adquirido nesses anos de atividade, mas algo também muito importante é o contato com pessoas diferentes, poder viajar, ou até tocar na sua cidade e depois falar depois com pessoas que foram impactadas pelo seu trabalho, que vêm falar com você que gostaram da sua música e irão seguir você e te apoiar é algo indescritível. Acredito que essa seja a verdadeira recompensa.

RF: Apresentar-se para um público diferente, conquistá-lo e torná-lo seus fãs e até amigos é algo realmente gratificante. Além disso, esses shows com bandas internacionais dão a você a oportunidade de atingir uma gama de púbico realmente díspar do habitual. Não é algo que gostaríamos que acontecesse, mas a verdade é que muitos Headbangers não freqüentam o Underground e se limitam a ir a shows internacionais apenas, algo que particularmente não achamos a melhor atitude a se ter, mas cada um tem sua mente, seu julgamento e vontade própria. Devemos sempre respeitar.

Lembro-me de quando fomos convidados a tocar com o Marduk, após o nosso show e das outras bandas de abertura, no intervalo para o começo da atração principal, fomos abordados por algumas pessoas que vieram elogiar a qualidade do nosso trabalho e que não imaginavam que o Underground nacional tinha bandas que valessem o devido prestígio. Porém, após assistirem aos shows das presentes naquele dia, eles reconsideraram a idéia de ir mais aos shows da cidade, o que é algo excelente. Conseguir modificar a mentalidade de alguns, mesmo que sejam poucos. Esse novo oxigênio é algo produtivo para a manutenção do nosso cenário, que já teve uma singela melhoria nos últimos anos.
Enfim, aprendizado, experiência de palco e interação banda/fãs/amigos, isso é o que o Dark Tower leva como bagagem, durante esses anos na estrada.


F.L - Avaliação da banda quanto à estrutura dos eventos com bandas independentes no Brasil?
RF: Existe um pequeno avanço, em relação há alguns anos atrás. Lembro-me de quando comecei, havia poucos produtores no Rio que faziam eventos de Metal de forma exclusiva, e as bandas tinham que dividir o palco com bandas cover e outros estilos muito díspares, com estruturas muito insatisfatórias. Sem contar a ridícula cultura de fazer com que a banda também trabalhasse com a vendagem de ingressos e fizesse o devido repasse ao “produtor”, era algo muito presente, neste dito passado. Hoje em dia, mesmo que com dificuldades, temos produtores que nos tratam com decência, que pagam às bandas, e que dão uma estrutura para fazer um bom show. A respeito do público, algo extremamente importante para o circuito, temos visto uma melhora, tímida, porém real. Não temos de volta os dias dos anos 80, onde existia um público ávido por shows e material. Vivemos uma realidade diferente, com o advento da Internet, da música em formato eletrônico e dos live streamings. Mas, ainda assim, temos pessoas engajadas e interessadas pelo Underground e suas bandas, o que é algo muito proveitoso.

 
F.L - Álbuns marcantes na história do Metal Mundial.
FG: Seria uma lista gigantesca, mas vou simplificar:
  • Storm of the Light’s Bane - Dissection
  • Twilight of the Gods - Bathory
  • Sworn to the Dark - Watain
  • The Black Opera – Opera IX
  • De Mysteriis dom Sathanas - Mayhem
  • Enter the Moonlight Gate – Lord Belial
  • Ad Noctum – Limbonic Art
  • Sheol - Naglfar
  • Supremacia Ancestral - Miasthenia
  • Fatal Portrait – King Diamond
  • Sons of the Northern Darkness - Immortal
  • Rape in Rapture - Misteltein


RF:
Escolhendo de forma rápida, e sendo bem pessoal:
  • In the Shadows - Mercyful Fate
  • Painkiller – Judas Priest
  • Master of Puppets - Metallica
  • Storm of the Light's Bane – Dissection
  • Reinkaos – Dissection
  • The Darkest Throne – Malefactor
  • Chaos AD – Sepultura
  • Spiritual Black Dimensions – Dimmu Borgir
  • Empiricism – Borknagar
  • Rape in Rapture – Misteltein
  • The Black Curse – Lord Belial


F.L - Há países que basicamente são divididos entre duas religiões, no Brasil e nossas dimensões continentais temos uma diversidade de religiões, como vocês avaliam isso em relação ao impacto que causam no desenvolvimento cultural, social, político e econômico do país além da análise crítica em relação ao fanatismo religioso vivido por aqui?
FG: Infelizmente, a CF/88 é infringida diariamente pela bancada religiosa, onde é fraseado em português bem claro que somos um país LAICO, ou seja, o principal câncer da humanidade por lei deve permanecer separado do Estado e da Política. Vivemos na pele o regresso de alguns séculos, onde a igreja ditara as regras livremente dentro de um país.
Vejo que, em cunho cultural, as religiões cristãs são uma ferramenta utilizada pelo Estado e também pelas citadas igrejas, visando cegueira da massa, retrocesso e negação da verdadeira cultura ancestral do nosso continente. Que é riquíssima, porém esquecida.
Economicamente falando, o emprego do capital público em empreitadas religiosas é algo que, além de infringir a Constituição, priva o direito de ir e vir dos cidadãos que não se sentem inseridos ou representados neste cunho. Portanto, é dinheiro nosso, sendo utilizado em algo que somente uma minoria usufruirá, em detrimento da população total.
Analisando a questão por todos estes panoramas, só temos que salientar que a religião cristã (em todas as ramificações) é pútrida. São instrumentos de real alienação e impedem a capacidade de livre pensamento da esmagadora parte de seus fiéis, arrancando deles toda a racionalidade necessária para que enxergassem esta situação como um todo. Ela representa um verdadeiro atraso na formação de um ser humano realmente pensante. Logo, o Dark Tower é OPOSIÇÃO à doutrina judaico-cristã, primordialmente. Sem deixar de mencionar os vermes fanáticos, de seja qual for o credo ou dogma.

Fale brevemente sobre:
> Manifestações e recente possibilidade de Plebiscito e Reforma Política:
FG: Diante disto que está acontecendo, tenho que dizer que não é nada que não tenha acontecido em outros mandatos. O momento em que vivemos é conhecido como a Era da Informação, onde as notícias são dadas em tempo real, tendo a Internet como o principal veículo de comunicação. Por esta virtude, a transparência é muito mais exigida do que há 20 anos, por exemplo. Logo, o povo, acompanhando todas estas mazelas que se arrastam desde os tempos da colonização, e a despeito da vontade dos nossos “políticos” (achando-se absolutos pelo simples fato de terem sido nomeados nas urnas), resolveu reconhecer um pouco do seu brado natural e legítimo nas ruas. Políticos devem obediência ao povo e têm que fazer a vontade do mesmo, pois nós (o povo), pagamos os salários astronômicos e todas as regalias às quais eles se utilizam, visto que somos contribuintes da máquina pública.
Em contramão a tudo que deveriam estar realizando, usufruem-se das Polícias Militares estaduais como se fossem seus seguranças particulares, e revertem dinheiro que poderia ser gasto visando o bem estar da população com artifícios para coagir a massa manifestante.
Políticos são servidores, devem ser cobrados, investigados e interrogados por deslizes que vêm a cometer em seus mandatos, e punidos exemplarmente pelos crimes que cometem.
Vejo o plebiscito como uma tentativa oportunista deles mostrarem que estão realmente se movendo para fazer algo, criando uma cortina de fumaça. Se estivessem de fato entusiasmados em mudar o panorama daquilo que estamos passando, seriam os primeiros a propor uma possível Reforma Política, ou no mínimo, um Referendo. Plebiscito pode ser modificado de acordo com o interesse deles, mesmo depois de realizado em urna.

> Atual Governo brasileiro:
FG: Vejo o governo de hoje como aquele que se disfarça de populista para a “massa alienada” Leia-se: beneficiários das bolsas e programas do governo. Esta grande parcela do povo, infelizmente, utilizados como massa de manobra, são público-alvo das suas campanhas megalomaníacas de eleição/reeleição, recheadas de injeção de capital burguês, aos quais ficam “devendo favores”, depois de eleitos (fruto da falsa democracia em que vivemos). Baseados nesta troca de favores implantam, no apagar das luzes, as suas reais intenções. A fagulha de uma política neoliberal, que cedo ou tarde, estourará como uma grande bomba, lançando aos ares um falso resquício de economia sólida que ainda temos. CBOs, juros altíssimos, lucros exorbitantes para banqueiros, múltiplas privatizações. Este é futuro reservado a nós, enquanto nossa base de governo continuar sendo PT/PCdoB, que há muito largaram seus respectivos rótulos de legenda, para comungar-se ao PMDB e congêneres.
Calheiros? O mesmo corrupto de 30 anos atrás. Precisa pagar por todos os seus crimes, falta de decoro e improbidade.

F.L - Planos para o segundo semestre de 2013?
RF: Muito em breve, estaremos lançando o nosso álbum de estréia, intitulado ...of Chaos and Ascension, que sairá pelo selo Eternal Hatred Rec.
Estamos trabalhando intensamente na preparação das nossas apresentações, e logo estaremos de volta aos palcos. Aguardem as novidades!

F.L - Considerações Finais:
RF: Gostaríamos de agradecer especialmente a você, Filipe Lima, pelo espaço concedido no Over Metal Zine, e também àqueles que estão nos acompanhando por aqui.
FG: Obrigado pela entrevista! E aos nossos fãs e amigos, continuem apoiando o Metal Nacional. Mantenham a chama acesa. 93!

DarkTower é:
Flávio Gonçalves: Vocais
Rodolfo Ferreira: Bateria e vocais



FACEBOOK:
facebook.com/darktowermetal
REVERBNATION:
MYSPACE:
TWITTER:
YOUTUBE:


Obrigado Flavio e Rodolfo pela excelente conversa.  Aguardamos o próximo lançamento do Dark Tower e assim que tiverem novidades a respeito da banda contem com o Over Metal.