quinta-feira, 27 de junho de 2013

FORKILL: MUITA EXPERIÊNCIA, DISPOSIÇÃO E UM THRASH METAL SEM FRESCURAS

A banda Forkill que já está há 3 anos ativa atendeu a solicitação do Over Metal concedendo uma excelente entrevista, onde conversamos sobre o atual momento da banda, experiências, gravações e processos internos. Aproveitamos também para analisar o atual cenário underground e também o cenário político do Brasil. Falamos também das influências da banda e obtivemos boas risadas com fatos inusitados, entre eles forrozeiro bêbado insatisfeito com o som da Forkill (risos).  Quer entender melhor essa história, então leia até o final a entrevista realizada com Joe e Ronnie.  Boa leitura a todos.
Filipe Lima (F.L.) - Em primeiro lugar, obrigado Joe e Ronnie por atender o Over Metal e conceder esta entrevista.  Bom, qual a avaliação que vocês fazem desses 3 primeiros anos do Forkill?
Joe: Muito trabalho, às vezes até demais.
Ronnie: Eu e o Joe temos “ondas” criativas e geralmente quando eu to em baixa ele ta produzindo e vice versa, então esses 3 anos foram realmente de muito trabalho.
F.L. - O som do Forkill é um Thrash Metal baseado na velha escolha, isso é intencional ou foi um processo natural ao montar a banda?
Ronnie: Acho que um pouco das duas coisas, é natural para nós tocarmos o estilo já que todos gostam muito de Old School, mas também foi intencional de certa forma por vermos que havia uma falta de bandas que abordassem o gênero da maneira que pensávamos que seria legal.
Joe: Claro que existem ótimas bandas de thrash hoje em dia, mas todas diferentes do que queríamos fazer. Apesar das nossas origens diferentes dentro do metal, a combinação do que somos deu nesse Thrash rápido, pesado e agressivo.
F.L. - Uma banda normalmente aborda temas diferenciados nas letras, mas sempre há uma veia central que norteia o que a banda expressa nas músicas.  Existe isso no Forkill, há uma temática principal?
Joe: Olha, na verdade não temos um único tema, as coisas variam entre assuntos que prendem mais nossa atenção como guerras, psicopatas, religião e até a própria cena do metal brasileiro podem fazer parte do que uso para criar as letras.
Ronnie: Eu e o Gus (baixo) somos aficionados por ufologia e ficamos perturbando o Joe para ele escrever algo sobre o assunto, mesmo que seja uma leve menção, já o Marc (bateria) pede sempre assuntos mais politizados como guerras e conflitos e o Joe gosta de relatos sobre psicopatas e assuntos que envolvam ocultismo e religião então não há realmente um assunto fixo para as letras.
F.L. - Em relação ao 1º CD Full-Length do Forkill, nos conte resumidamente sobre o processo e qual a avaliação que fazem do resultado final?
Joe: Eu sou um rato de estúdio, me amarro no processo de ficar gravando e “polir a track” passo horas no estúdio e acho muito foda. O processo de gravação desse CD foi bem rápido, pois já tínhamos bastante intimidade com a maioria das faixas e cada um precisou somente de 1 dia para gravar suas partes e o Robertinho de Recife (produtor do CD) deixou a gente bastante confiante durante todo o tempo.
Ronnie: É claro que ficar muito tempo junto trancado no estúdio gera alguns conflitos, mas alguns caras da banda são brigões crônicos e a gente já está acostumado com isso, mas no geral foi muito divertido gravar sim e o resultado ficou além do que esperávamos.

F.L. - Composição das músicas como isso acontece na banda?
Ronnie: Nós tentamos ser democráticos, mas não deu muito certo então a coisa voltou para as minhas mãos e do Joe. O Marc e o Gus têm total liberdade para criar as partes deles e opinar no que é apresentado, mas a composição sempre parte de nós dois. Claro que se qualquer um da banda chegar com uma ideia realmente boa ela será utilizada.
Joe: Geralmente um apresenta uma seqüência de riffs e o outro vai ajudando a moldar as partes para criar a base de tudo, aí todos os 4 discutem o que deve mudar e repassamos a base constantemente enquanto eu vou criando uma melodia e a métrica pro vocal.
Ronnie: Durante essas passagens nós definimos o ponto onde serão os solos e simplesmente solamos.
Joe: A gente tenta solar bem, mas o melhor é que como ensinou o Jeff Hanneman, a gente simplesmente não se importa. Fazemos o que sabemos fazer, representamos a agressividade do que estamos tocando com os nossos solos, sejam eles melódicos ou caóticos, mas ninguém aqui ta tentando ser um virtuose.
Ronnie: As letras sempre são escritas pelo Joe com idéias que eu passo ou que ele mesmo cria, a gente reveza e intercalamos quem cria o tema de cada música.
F.L. - Qual o aprendizado obtido trabalhando com Robertinho de Recife na produção de um trabalho do Forkill?
Joe: “Sempre dê um fone ao seu baixista.”. Desculpe piada interna! Na verdade aprendemos tudo com ele. Nunca tínhamos entrado em estúdio com aquele nível de comprometimento e com alguém com o conhecimento dele e com a vontade de ensinar como tudo era feito.
Ronnie: Ele realmente foi um grande produtor e professor para nós, com certeza nos deu ensinamentos que vamos levar para todas as gravações que vamos fazer.

F.L. - O que pra banda ainda é lamentável na cena underground brasileira?
Joe: Vou ser clichê, mas é lamentável a galera pagar 300 pratas p ver um show de gringo e dar a desculpa que não vai ao show de banda do underground nacional porque 15 pratas é muito caro.
Ronnie: Produtores darem preferência para banda cover também é algo lamentável. Vemos que o pessoal de SP fala muito disso e aqui no RJ ta ficando igual.

F.L. - Qual parte da engrenagem do cenário underground está precisando de reparos?
Joe: Tudo anda meio “enferrujado”, mas algumas partes mais que outras.
Ronnie: Acho que a partir do momento que os produtores e organizadores conseguirem achar um ponto de equilíbrio entre ganhar grana e ajudar a cena a crescer a máquina passa a funcionar melhor.

F.L. - Percebo que a banda defende a unidade na cena pelo metal e o desprendimento de separatismos (estilos/vertentes principalmente), fale mais sobre essa questão.
Ronnie: Não dá para conseguir nada separado. Tem muita banda que pensa só em si e acaba se tornando a maior estrela na sala A das 19h às 21h de um estúdio qualquer, ou seja, não vai a lugar nenhum e nem colabora para que o estilo cresça.
Joe: Não tem essa de que um estilo de metal não pode colaborar com o outro. Nós somos amigos, divulgamos e apoiamos bandas de Death Metal, Grindcore, Metalcore, Hard Rock, Stoner Metal, etc. No final quem sai ganhando é a música pesada e quem curte o som. Se você me encontrar num bar pode dar de cara na mesma mesa com o Luciano do Tamuya, o Carlinhos da Statik Majik, o Felipe Eregion do Unearthly, o Angelo do Gangrena Gasosa, o André DeLacroix do Metalmophose/D.A.D., etc. Não deve existir disputa entre os gêneros do metal senão nada acontece.

F.L. - Em breves palavras fale sobre cada uma dessas bandas:
Exodus – Técnica a serviço do peso. Todos são músicos excelentes e curtimos muito.
Slayer – Nossa maior influência, inconscientemente o som da Forkill foi ficando cada vez mais parecido com o do Slayer e isso deve permanecer assim.
Anthrax – Caught in the Mosh sempre rola no aquecimento dos ensaios, a mistura do metal com o punk e hardcore também se faz muito presente no nosso som.
Testament – Só o Joe não gosta deles… o resto da banda ouve todo dia.
Destruction – Apesar de ser uma grande banda e já terem nos comparado a eles não é um influência direta.
Sodom – Todos ouvimos e curtimos muito.

F.L. - Sempre reservo um espaço pra falarmos de temas da atualidade, de forma 
resumida qual a opinião sobre:
1. Atual Governo Brasileiro: 
Estão começando a ver que o povo tem voz e que cansou de ficar “Deitado eternamente

em berço esplêndido”.
2. Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil: Eventos que seriam bem vindos em outro
momento do país. De que adianta termos tudo isso acontecendo se os hospitais e 
escolas ainda precisam de tanto investimento?
3. Redução da maioridade penal: Talvez não seja a coisa ideal a se fazer, mas que
algo deve mudar urgentemente no trato do menor infrator é cada vez mais evidente.
F.L. - Ronnie você toca há quase 30 anos e você Joe há quase 20 anos e isso proporcionou muita experiência, quais são as lições aprendidas?
Joe: A principal coisa que aprendemos é que ninguém chega a lugar nenhum sozinho. Não vamos somente com o nosso trabalho conseguir mudar uma cena que foi marginalizada e depreciada durante tanto tempo. Somente nos unindo a outras bandas e sendo companheiros, tendo um ideal em comum que podemos conseguir algo melhor para todos.
Ronnie: Claro que sempre tem aqueles que querem se aproveitar do trabalho alheio para pegar uma carona, mas tudo pelo que passamos também nos ajuda saber identificar quem são essas pessoas.
F.L. - Sempre tentamos resgatar algumas histórias grotescas das bandas relacionadas às viagens ou dia a dia da banda, enfim compartilhe com nosso leitores alguns fatos.
Joe: Teve uma vez que estávamos chegando ao nosso estúdio de ensaios e o Ronnie veio reclamando o tempo todo do cheiro de merda que estava na sala e quando percebemos, ele mesmo havia pisado num monte de bosta de cachorro e tinha deixado um rastro por todo o lugar.
Ronnie: No nosso show em Volta Redonda havia um cartaz na porta do local anunciando um show de forró na semana seguinte ao nosso evento. Os produtores nos disseram que um bêbado olhou o cartaz, se confundiu com a data, entrou e depois de uns 15 min assistindo saiu xingando dizendo que aquela era a pior banda de forró que ele já tinha visto...


  


F.L. - Quais são os planos para o restante de 2013 e o futuro da banda?
Joe: O principal é conseguirmos lançar o CD, depois disso vamos focar na divulgação e distribuição do material tentando agendar a maior quantidade de shows possível.
Ronnie: Com relação ao futuro já temos novas músicas compostas e vamos tentar manter um esquema de gravação contínuo, com pelo menos 1 música nova sendo gravada a cada 2 meses e quando tivermos material suficiente para um novo CD juntamos tudo e lançamos. Estamos buscando também um selo e outras parcerias para podermos tornar tudo um pouco mais fácil para banda e para quem quiser adquirir o nosso material já que dessa vez estamos realizando tudo por nós mesmos.

F.L. - A agenda do Forkill está aberta para o 2º Semestre de 2013, o que já está confirmado?
Joe: dia 13/7 temos um show no Planet Music em Cascadura (Festa DEMO) e 16/11 em Nova Iguaçu, no Studio B. Por enquanto somente essas datas confirmadas.

F.L. - Deixe um recado final para nossos leitores.
Ronnie: Nós agradecemos a você pelo espaço e o apoio de sempre à Forkill e à cena do metal. Muito obrigado a todos que nos acompanham e esperamos em breve estar com o CD em mãos para poder mostrar o trabalho para todos vocês.


Joe: Muito obrigado e como sempre: “SEE YOU IN THE PIT \m/”


Obrigado Joe e Ronnie mais uma vez.  Nos mantenha informado sobre as novidades relacionadas ao Forkill.  Até a próxima. Filipe Lima - Over Metal

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