quarta-feira, 31 de julho de 2013

SAKRAH: CONSTRUINDO UMA BELA HISTÓRIA NO METAL NACIONAL

A banda Sakrah, prestes a passar pela Região Sul do Estado do Rio de Janeiro concedeu uma entrevista ao Over Metal Zine.

Confira na íntegra a entrevista com Leandro Novo, vocalista da banda.

Filipe Lima (F.L.) - Formado em 2009 qual a avaliação que fazem dos primeiros 4 anos de trabalho da banda?
Leandro - Acho que a banda começou com uma identidade bem definida. As músicas saíam com a cara da Sakrah e desde o início já sabíamos como ficaria a “cara” da banda. Houve algumas mudanças na formação que serviram só para reforçar essa identidade.
Agora na questão de público me surpreendeu muito. Fomos ganhando muitos fãs e de um jeito muito rápido. Quando eu estava em outra banda não via isso. Acho que isso impulsionou as coisas.

F.L. - Qual o aprendizado obtido até aqui?
Leandro - Se valorizar, principalmente. Foram muitos buracos até aqui, já tomamos muitos tombos pelo caminho. Isso tudo por um lado é ótimo, serve para ensinar e amadurecer. Chega uma hora que você deve dizer “não” para certos convites e oportunidades de show, por mais que isso doa.

F.L. - Grandes influências para o Sakrah:
Leandro - São as grandes influências da banda, sem dúvida Pantera, Black Label Society e Sepultura; do Sepultura até temos um tributo, o cover de “Slave New World”, que tocamos praticamente em todos os shows da Sakrah.

F.L. - A gratificação de toda banda é ver seu trabalho sendo aceito pelo público, o que o Sakrah viu de positivo e que deu certo no EP Collider e o que foi identificado como um ponto a evoluir nos próximos trabalhos?
Leandro - O EP foi muito elogiado. Foram aí 5 músicas que abriram muitas portas pra gente e serviu de cartão de visita da banda. Sobre evoluir, acredito que todo trabalho deva evoluir e com a Sakrah não é diferente.

F.L. - Vocês demonstram paixão como se fossem fãs da própria banda. O que é prazeroso, motivante e satisfatório quando veem o trabalho do Sakrah?
Leandro - Ser fã da própria banda é essencial. Tem que curtir aquilo, ter prazer com isso, para fazer um trabalho bem feito. Mas a principal satisfação é ver sua música chegando ao público e saber que você fez aquilo com toda essa paixão. É o combustível de toda banda acho.

F.L. - O que o Sakrah tenta eliminar ou evitar visando profissionalismo e qualidade?
Leandro - Uma coisa que sempre vejo quando escuto uma música nova é que evitamos agradar aos outros. Pode soar péssimo, mas a verdade é que se um artista faz algo visando agradar alguém, deixa de ser arte e não é mais genuíno. O lance não é fazer um som “porrada” por fazer, ou deixar mais leve para vender mais...a coisa tá em ser sincero e se expressar.

F.L. - O que a banda busca transmitir ao público?
Leandro - Falando sobre nossos primeiros trabalhos (o EP e o álbum), são várias ideias, em músicas diferentes e fica complicado sintetizar tudo. Mas se formos pegar tudo e simplificar, eu diria que a banda fala sobre nós mesmos, experiências, pensamentos...passamos de uma briga de bar para conflitos religiosos; uma delas, “Whiskey Devil”, fala sobre estar alcoolizado, acabar quebrando uma garrafa e se cortando com isso (sim, aconteceu mesmo).

F.L. - Construção das músicas como isso é trabalhado nos bastidores da gravação de um novo trabalho, fale desse processo?
Leandro - Normalmente a base instrumental é feita e levada ao estúdio, onde tudo começa a ser lapidado. A gente vai tocando e experimentando, jogando ideias. É tudo muito livre e sem pressão, sem prazo. Eu sinto que é algo natural demais pra gente.

F.L. - A banda lançou o vídeo clipe da música "Adrifted" com muita qualidade  apresentando muito bem o que é o Sakrah.  Fale um pouco do processo de gravação do mesmo e motivo da escolha dessa música para ser o primeiro vídeo clipe oficial da banda?
Leandro - No começo queríamos gravar o clipe de “Reflection” ou “Fight Bar”, que até então tinham sido as que tiveram maior repercussão com o EP. Logo quando acabamos o álbum e ouvimos cada faixa, “Adrifted” acabou nos convencendo e conversamos sobre isso um tempo e enfim, acabou sendo ela. Se acertamos? Não sei, mas pareceu a mais adequada, tanto em questão de sonoridade quanto de execução, personagens, etc.
Por se tratar de vários aspectos de nossa personalidade, conflitos e dúvidas, tínhamos ali um potencial gigante para usar em vídeo e mostrar cada uma dessas situações.
A gravação durou dois dias, o primeiro só com a banda e no outro com os atores. É trabalhoso, envolve paciência e disposição (física principalmente), mas no final é gratificante. Você sente que faria aquilo pelo resto da vida.

F.L. - Como está a distribuição e divulgação do trabalho do Sakrah fora do Brasil?
Leandro - O Sakrah já participou de alguns programas de rádio na Europa, lembro de um da Alemanha e outro na Suécia que divulgaram bastante nosso som. Tivemos também essa divulgação na América do Sul e EUA. Quanto a distribuição, estamos fechando algumas parcerias, mas ainda nada foi confirmado.

F.L. - Há muito tempo é normal casos onde bandas pagam pra tocar em eventos, em outros casos tocarem de graça tendo como retorno/pagamento o argumento que tiveram a oportunidade de divulgar o trabalho e ser conhecido.  Não seria isso o ápice da desvalorização dos músicos e bandas (principalmente autorais) em nosso país?
Leandro - Sem dúvida. No início, você sai com sua banda para tocar e mostrar seu som para o público já tendo em mente que essa oportunidade é seu “pagamento”. Cara, por mais que você queira sair da garagem e subir num palco, não faça isso consigo mesmo. Isso tem que parar. Pra inverter essa desvalorização dos músicos de metal, se dê valor, simples.

F.L. - Eventos com banda cover lotam, banda autoral público rasoável, existem culpados por isso ser frequente na cena brasileira em sua opinião?
Leandro - Eu não sei...acho que tudo é uma questão de divulgação, que acarreta em público, fãs, etc. A banda autoral que está começando tem como público amigos, familiares e o cara que estava lá no dia. Acho que é um processo longo e árduo aqui no Brasil, a banda sair do underground, ganhar seu público. Se numa mesma rua tivéssemos de um lado um bar apresentando cover de Sepultura, e no outro lado uma banda autoral nova, que ainda não tem público ou fãs, já prevemos o que vai acontecer.
No final, o que posso dizer é que não tem um culpado. Acho que é um processo natural, que talvez aconteça com mais frequência aqui, não sei. Já ouvi muita gente dizendo que lá fora o tratamento é outro, com as pessoas pagando uma entrada pra conferir uma banda de que nunca ouviu na vida.

F.L. - Qual sua avaliação sobre a estrutura dos Shows de Metal Nacional em nosso imenso Brasil.  E o que precisa ser urgentemente corrigido para a engrenagem funcionar melhor?
Leandro - Infelizmente as vezes tenho a impressão de que estamos fazendo o som certo, porém no país errado. O Brasil tem um enorme potencial e um público muito fiel sim, mas as condições de como o metal nacional é apresentado perante a mídia ainda tem muito a ser melhorado. A organização de eventos é difícil no meio independente e underground, o que faz muita banda boa por aí, que começa no underground, ter que batalhar muito para conseguir um espaço...e na maioria das vezes isso desgasta ao ponto do músico desanimar e decidir parar com isso.
Claro que digo tudo isso do ponto de vista da banda, mas com certeza há o lado do organizador de evento também. Não deve ser fácil.
Sinceramente, eu não sei dizer o que deve ser corrigido e nem por onde começar. Nunca organizei um evento de metal ou analisei estatísticas sobre isso, então fica difícil apontar uma solução sem parecer pretencioso demais, entende? Tudo o que digo é baseado nas coisas que eu vejo e participei como banda. Talvez uma união concisa entre as bandas nacionais, se apoiando e fortalecendo a cena, possa mudar isso aos poucos. Eu espero isso, pelo menos.

F.L. - No Sul do Estado do Rio algumas bandas ativas e influentes na cena decidiram dar uma basta, dando origem ao "Metal Bastards Union" e com isso bandas passaram a organizar seus próprios eventos por discordarem da atitude exploradora de alguns produtores. Nesta parceria a união é baseada nas bandas e no público. Como vocês avaliam esta ação e a relevância da mesma para o underground?
Leandro - É como dissemos anteriormente, sobre o ápice da desvalorização das bandas que tocam em um evento sem ganhar um centavo por isso. Se tratando do underground, que é um meio sofrido em relação a estruturação e público, essa iniciativa é uma forma de dar um basta.
No caso do Metal Bastards Union, está sendo bastante relevante para a região e o impacto está sendo positivo, sem dúvida. Não sei como uma iniciativa parecida funcionaria em outras cidades, mas acho que ela deve ser feita com competência e por pessoas sérias. Não adianta começar algo assim se o resultado for mais desastroso ainda, seria um tiro no pé e pegaria mal. Mas especificamente o MBU tem tudo para dar certo sim.


































Confira mais sobre as bandas que estarão no MBU: Dfront-SA, Monstractor, Metalthorn, Stodgy

F.L. - Em breves palavras:
> Manifestações nas Ruas ocorridos no mês de Junho/2013: Foda.
> Possível Reforma Política: Necessário.
> Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil: Nunca gostei disso, mas é desnecessário dizer que é um dinheiro exorbitante investido de forma errada.

F.L. - Relate momentos extremamente marcantes e importantes para o Sakrah até aqui.
Leandro - Por enquanto tem sido o lançamento do nosso primeiro álbum e, claro, a estréia do clipe “Adrifted”. Tivemos mais de 10.000 visualizações em menos de 1 mês e isso só nos mostrou que estamos no caminho certo.

F.L. - Há definições de tour pela Europa ou de shows pra fora do Brasil nos próximos meses?
Leandro - É cedo dizer, mas há algo sendo negociado nesse sentido sim. Estamos aguardando algumas confirmações por enquanto.

F.L. - Demais agendas, compromissos, planos e projetos futuros?
Leandro - Estaremos dia 10 em Resende-RJ, participando do MBU. Existem outras datas e projetos em vista, mas nada confirmado ainda. Esperamos de verdade também poder fazer um tour com bandas parceiras que acabamos trombando ao longo desses anos, como o caso do Monstractor..

F.L. - Considerações Finais:
Leandro - A Sakrah agradece ao Over Metal pela oportunidade, aos leitores e aos fãs! Aguardamos todos vocês dia 10 no MBU, vai ser uma grande festa, com certeza!
Shows, eventos, merchan, etc: contato@sakrah.com.br. 
Site: http://www.sakrah.com.br



Obrigado Sakrah e Leandro pela entrevista, expectativa total pela apresentação do dia 10 em Resende.
Até lá.
Filipe Lima - Over Metal




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